21.4.09

Pros velhos

Ela me recebeu numa noite fria mas de céu limpo, sem nuvem, com lua.
Me recebeu com vinho, lasanha e cozinha cheia.

Nos dias que seguiram, mais bom humor, mais céu azul e sol. Não era aquela ranzinza e cinza que tanto me alertaram. E assim foi me deixando uma boa impressão sedutora demais pra que eu me questionasse se tudo era real, ou só uma licença que o tempo me deu de presente.

Preferi acreditar que assim sempre tinha sido, não só comigo, mas com todos que também se apaixonaram por ela. Preferi acreditar que nunca teve coragem de negar seu lado mais bonito.

Até que nosso tempo foi acabando e, aos poucos, vi sua real face.

Nem sempre é sol, nem sempre é cozinha cheia, nem sempre é boa vontade que tem pela frente. A chuva não perdoa um passeio ao ar livre, o sol escondido não se incomoda de inibir uma foto.

A intolerância foi gritante.

Você não tem uma segunda chance pro atraso, pra paisagem que deixou pra mais tarde, pros desenhos que deixou pra conhecer na volta.
Você se lamenta por não conseguir se tolerar nos dias de mau humor, e esse tempo que gastou olhando pro chão não volta.

Definitiva, disciplinada e dura. Não perdoou a exitação ou a insegurança.
Definitiva como o impacto da luz num filme. Fica gravado pra sempre, mesmo que o disparo do botão tenha sido por puro teste.