9.8.10

Foi o calor

Mais uma pra coleção dos sonhos bizarros! Dessa vez não foi sonho tenso, nem assustador, nem angustiante. Foi simples e engraçado.

Era um dia de muito sol, tempo abafado e muito quente. Eu, por algum motivo, tava com uma manga comprida que me fazia suar mais do que o esperado pela temperatura que já era alta. Andava pela rua com uns amigos, asfalto quente, concreto por toda parte, enfim, aquele cenário clichê de São Paulo no verão.

Até que resolvi erguer um pouco as mangas da blusa para que meus braços, já molhados, respirassem um pouco. A sensação era de que a roupa, por mais leve que fosse, formava uma estufa móvel ao redor do seu corpo.

Ao levantar a manga do braço esquerdo, percebi que ela estava manchada de preto. Como se tivesse derrubado tinta. Foi aí que percebi que era a tinta da minha tatuagem, escorrendo, borrando a roupa e a pele, e deixando o desenho desforme.

E tudo que sobrou foi um contorno de cicatriz leve, sugerindo o desenho que antes era demarcado por uma viva tinta preta.

Aposto que laser teria sido mais demorado, dolorido e menos eficiente.

8.8.10

Quando meu pai morreu foi como se ele tivesse ido pra um lugar muito muito longe, do qual ele jamais conseguiria fazer contato novamente. Foi como se um dia eu fosse precisar falar com ele ou perguntar alguma coisa e ele jamais pudesse responder. Soa bem desesperador, não? Pois é, foi.

Hoje essa distância está menor, a barreira que separou a gente um dia, por algum motivo, tem ficado cada vez mais fraca.

Hoje eu sinto até mais falta dele do que antes, mas não por saudade acumulada, e sim pelas oportunidades que ele tem me dado de poder senti-lo perto.

Hoje é dia dos pais. Hoje é dia do meu pai, que eu amo, apesar da distância.