28.2.08

Essa é pros amigos!

No fim de 2007 teve amigo secreto na aula de espanhol. Tenho uma sorte danada porque essas pessoas, além de me ensinarem muito a cada semana, são todas minhas amigas. Teríamos até um convidado especial, o Armando, namorado mexicado da professora.

Combinamos então uma troca simples de cartões escritos em espanhol, sendo que o Armando deveria escrever em português. Mas ele no fim das contas trapeceou um pouquinho, e nós também!

Fui presenteada* com o cartão mais bonito que já ganhei. No verso dele veio o Neruda, em carne, osso e palavra. Assim que comecei a ler o que estava escrito, ele se ergueu corajoso na minha frente e disse: "QUEDA PROHIBIDO, Fernanda!".

"Queda prohibido?"** - pensei. "Si! Queda prohibido llorar sin aprender, no demostrar tu amor, olvidar a toda la gente que te quiere, no buscar tu felicidad." - ele insistiu!

Ok, seu Pablo. Prometo pensar em tudo isso, principalmente no verso final:

"Queda prohibido no sentir que sin ti este mundo no sería igual."


Ouviram, meus amigos?


* Quem ousou fazer o Neruda caber num simples cartão de Natal foi a menina-linda Jú (já agradeci você???)
** Poema "Queda prohibido" de Pablo Neruda. Pra ler na íntegra -----> (http://www.euroresidentes.com/Poemas/prohibido.htm)



26.2.08

Momento tirinha!


"Formiga, se descubra! Expresse a sua individualidade!"

Sensacional!!!!

25.2.08

Minha mãe matou o Sawyer!

Eu sonho muito, mas muito mesmo.
Quase que diariamente lembro dos causos que crio enquanto durmo, e quando valem a pena, conto pra alguém que tenho certeza que não vai me achar louca. Afinal meus sonhos são bem surreais mesmo (e isso foi uma redundância descarada!).

Interessante isso. Os sonhos que sonhei há muito tempo mas ainda me lembro perfeitamente foram aqueles que contei pra alguém. Os que não compartilhei, o cérebro deu um shift+del.

Queria registrar de vez aqui esses poucos que ainda moram na minha memória, mas acabaria me extendendo demais e ficaria chato. Então vou só listar por temas os mais engraçados. Acho que isso já é suficiente pra eu bater o olho daqui um tempo e recordar a história toda.

Fase "Sonhos Spice Girls":

- As 5 Spice Girls foram passar uma tarde em casa e nos 6 nos sentamos no meu sofá de 6 lugares e assistimos TV;

- (em uma nova visita) Bati um papo com Mel B e Victoria (que estavam grávidas na época) e a Mel me disse que o bebê dela era menina, e o da Victoria seria menino (e esses realmente foram os sexos dos bebês!);

- O David Beckham treinava com o Manchester United no quintal de casa;

Fase "Sonhos Shakira":

- A encontrei na porta de um mercadinho de bairro, sentei do lado na cara de pau e a aconselhei a nunca mais ir na Hebe caso voltasse ao Brasil, lembro que falei: "Hebe não! Vai no Faustão, mas na HEBE, NÃO!";

- Peguei carona no seu jato particular e viajei o mundo acompanhando a turnê;


É, fazendo essa retrospectiva fica muito claro como nossos sonhos são reflexos do momento em que estamos vivendo.

Tendo um tema recorrente ou não, meus sonhos são muito intensos e algumas vezes chego a amanhecer fisicamente exausta daquela experiência que pareceu tão real. Sinto como se tivesse corrido uma maratona de pijama.

Essa noite por exemplo sonhei que o Sawyer era um assassino refugiado em casa. No fim da história ele trocou tiros na sala de casa com minha mãe, que acabou acertando um bem na cabeça dele. Coisa de louco!
Sinto informar aos fãs de Lost que a mama matou o Sawyer! Mas garanto que foi instinto materno, pessoal, afinal eu lembro que ele mirou várias vezes em mim!!!!

Indo pro trabalho hoje de manhã, identifiquei os elementos que compuseram esse sonho. A troca de tiros foi porque assisti Exterminador do Futuro 2 antes de dormir, e adorei a cena que o Schwarzenegger (obviamente fiz um google pra escrever esse treco certo!) enche o malvado de metal líquido de tiro e ele sempre volta à forma inicial! O monte de sangue que tinha no tiroteio da sala de casa foi cópia de trechos que vi, também antes de dormir, no Madrugada dos Mortos. Interessante, não? Mas cansei! Ver minha mãe assassinando o Sawyer foi exaustivo!

Acho que hoje a noite antes de ir pra cama vou assistir Mickey e sua turma.

23.2.08

O time lá de cima

"Mãe, pra onde é que as pessoas vão quando morrem?"

Eu não lembro de ter feito essa clássica pergunta pra minha mãe quando era criança. Talvez porque nunca tivesse parado pra pensar nisso. Ou talvez porque a certeza desse destino sempre tivesse existido dentro de mim. Não sei.

Quando a gente tem família, pai, mãe, irmãos, avós, primos, tios, cachorro, periquito, peixe, tartaruga e tudo que se tem direito, a idéia de se perder qualquer um desses membros soa insuportável. Mas essas perdas são assustadoramente inevitáveis e imprevisíveis.

Talvez por isso as perdas que sofri foram que nem tirar um band-aid colado nos pêlos do braço (e olha que meu braço é bem peludo!!!): rápido, pra sentir menos dor.

O primeiro que se foi foi o Huck, nosso periquito verde. Depois a tartaruga que morava num pedaço oco do tronco da árvore do jardim da frente. Os vizinhos dizem que foi o mendigo do bairro que levou pra fazer sopa. Tadinha!

Uns 10 anos mais tarde foi a cachorra, o outro cachorro que compramos depois dela e assim a família seguiu sendo desfalcada e renovada.

Foi então que em 2000 as perdas saíram do hall dos "animais de estimação" da família. Aí o bicho realmente pegou.

E só quando eles se foram me dei conta que nada compensaria aquele membro do nosso time vencedor que foi vendido subtamente pra um outro time centenas de vezes melhor, admito, só que não pertencente a esse mundo.
É, gostei de pensar assim! O passe da pessoa valorizou tanto, mas tanto, que ela mereceu ir pra um lugar infinitamente melhor. E foi!
Aí lascou de vez! Muito, mas muito trabalho interno pra não deixar a saudade impedir a gente de continuar jogando. Afinal, somos um time ainda. E os que ficaram? Precisam de cuidado redrobrado, oras! Nada de jogar a toalha!

Hoje fez um ano que minha vó teve o passe vendido pra um time desses grandes mesmo! Onde as condições de treino são bem melhores e todos os jogadores são igualmente importantes diante do melhor treinador que já existiu. Aposto que ela até recebeu cuidados médicos pra curar as cicatrizes que os jogos desse mundo deixou nela.

Quando meu filho me perguntar pra onde as pessoas vão quando morrem (caso ele nasça sem essa certeza), acho vou responder: "Praquele time lá de cima, que você deixou há pouco."

Acho que isso vai ser suficiente pra ele lembrar, não?

Assinado: Fedorinha

20.2.08

O assassinato do guri saltitante

Às vezes a gente acorda de bem. Com a vida. Com o motorista do ônibus. Com o elevador que demora pra chegar no térreo. Se inunda de uma alegria meio sem precedente e quer logo compartilhar essa felicidade com alguém querido.
Eu pelo menos sou assim. Faço isso de querer compartilhar toda hora. Pra que guardar só pra mim essa coisa boa que eu tô sentindo? Nunca!
Mas por que raios eu acho que sempre vou encontrar do lado de lá a mesma boa vontade?

- Hoje a gente podia comer cinco quilos de pipoca vendo aquela estréia no cinema. Tô morrendo de vontade de ver aquele filme. Vou sair cedo do trabalho. Não tá chovendo e eu de quebra tô morrendo de saudade de fazer nada com você. VAMOS?

- Humm...hoje? Ah não. Preguiiiiiiça danada.

(se isso fosse um roteiro, sugeriria aqui o áudio de grilos numa mata densa e fechada...cri....cri....cri....)

E assim sem querer se dá o violento assassinato daquele guri saltitante que amanheceu em você.

Agora me diz, seu guri já foi morto dessa forma alguma vez também?

19.2.08

Feira livre no ônibus

Sexta-feira. Volta do trabalho (trabalho, hein! não "serviço"! falar serviço é feio!).
Ônibus Santana. Zona sul (meu trabalho), fazendo meu caminho interminável até a Zona Norte (minha casa). Cheio (mas muito cheio mesmo!).

Subi no ônibus e fiquei ali entre um cano amarelo, um banco e uma das portas. "Perfeito! Aqui me protejo da superlotação e de quebra não atrapalho a passagem. Dá até pra abrir meu livro e ler...", pensei. (incrível como nesses momentos críticos conceitos como "conforto" ganham um significado todo novo...)

Eu lendo me desliguei completamente do resto. A única coisa que conseguiu me expulsar do quadrinho que eu lia foi um salto alto. Bem no meio do peito do meu pé direito. Sabe quando a pessoa até parece que mira no seu nervinho mais vulnerável e dá a pisada com gosto? Então. Mas sabia que não era de propósito. Respirei fundo. O Calvin ainda ia arrancar um esboço de sorriso meu. Era só eu me concentrar de novo na leitura. Fé, Fê. Fé.

"Ei! Ei! Vamo andá aí pessoal! Vamo tê respeito pelo próximo! Você já passou mas quem vem de trás também qué passá!" (é, realmente não ia ser possível voltar pro passeio de trenó do Calvin!). A mulher tava indignada com o acúmulo de gente na catraca. Acho que ela tinha um problema pessoal seríssimo com a catraca. Afinal o acúmulo de pessoas era generalizado!!!! PORQUE SÓ QUEM TAVA NA CATRACA OUVIU BRONCA? Claro! O problema só podia ser da catraca!!! E eu me apeguei a isso! Catraca maldita! Tinha um ímã-homo-erectus que só atraía bípedes com polegares opositores. Fenômeno incrível!

- Caaaalma, Dona! Não dá pra passar, não tá vendo? - Os seres humanos imantados pela catraca mutante protestaram, aí já viu. Virou feira!

- Vocêis num têm consciência. Respeito pelo próximo. Não pensam nos outros... (e não é que a dona engatou um papo cabeça?)

- Ihhhh, vai cuidá do seu marido e dos filho que a senhora ganha mais!

- Marido não tenho! Nem filho! Então tamo na mesma seu moleque! (como rezei pra ela emendar um "fanfarrão!")

- Ahhhhhhhhhhhh! Não tem marido? Então é esse seu problema, Dona! Vai arranjá um!!!! - essa veio de um senhor que tava láááá na frente e como eu, tava morrendo de vontade de acrescentar um cometário engraçadinho à discussão.

A feira livre prosseguiu. A discussão se extendeu por diversos pontos (incrível como em momentos como esse as unidades de medida de tempo mudam!). Tava tudo muito engraçado e eu tava quase suspeitando que tava fazendo parte de pegadinha ou coisa do tipo.
Eis que pra deixar aquele recorte de tempo espaço ainda mais paralelo, uma mulher com fones de ouvido começa a cantarolar (na verdade, gritar) a música que estava ouvindo. Sabe criança mal-criada que cantarola alto pra abafar a voz de quem tá dando bronca? Então. Só que se tratava de uma mulher de mais de 40 anos, com um olhar perdido de psicopata esbravejando alguma coisa que parecia ser Elis!!!!

Eu pego 3 ônibus diariamente há no mínimo 5 anos e já vi de tudo, acreditem. Mas aquela sexta-feira mereceu um post.

Se a mulher parou de cantar quando a briga parou? Não.