22.5.10

Back to basics

Há uns anos eu venho me perguntando se algum dia, alguma coisa ou alguém vai me fazer sentir o entusiasmo que eu sentia quando era criança e estava esperando o presente de Natal, ou algum passeio especial. Sabe? Aquela excitação boa que coisas pequenas causam na gente quando somos pequenos.

Será que isso é coisa de criança, coisa de quem viveu pouco e, talvez por isso, esse mesmo pouco represente tanto?

Será que essa alegria sem tamanho só toma conta de um coração que ainda não se decepcionou tanto e, por tantas vezes não sofreu perdas?

Será que com o tempo a gente vai perdendo a capacidade de se encher de alegria facilmente? Sem que o foco seja impossível ou distante demais?

Não. A resposta é não. Acabo de descobrir. É não!

Nunca me incomodei com rotina, deveres, cobranças. Sempre me apoiei nos desafios pra me provar, me fazer ser compreendida e vista. Primeiro a escola, depois a faculdade, depois o trabalho. Rotina, rotina. Horários, entregas, deveres, provas, reuniões. E lá a vida foi indo, ano após ano. Diploma após diploma. Aumento após aumento.

E aquela alegria de criança? Perdida.

Até que a vida, a maior piadista do universo, pregou uma bela surpresa. Mandou minha rotina pro espaço. Me jogou num contexto sem regras e sem limites, onde eu, somente eu, sou capaz de dizer o que pode e o que não pode. O que fica e o que sai.

Fiquei bem triste, chorei, e lamentei não ter mais a pseudo-segurança das tarefas do dia-a-dia.

Agora eu determino minhas tarefas e meus desafios. Agora eu posso ficar o dia todo pensando num desenho sem achar que é perda de tempo.

Eu escolhi o caminho mais difícil, sem dúvidas. E só assim encontrei, me esperando há tempos, aquela esperança da criança.

Ainda não cheguei no final. Ele tá bem longe ainda e nem ao menos sei se vai ser tão feliz assim. Mas o fato de ter escolhido mudar de caminho já me fez mais feliz, só porque nesse caminho vale muito mais a pena andar.

Nunca é tarde demais pra reconsiderar o que realmente te faz bem. Mesmo que pra isso seja preciso parar no meio da estrada e dar meia-volta.

Welcome new life!